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Relatório contabiliza 137 assassinatos de índios no Brasil em 2015

O relatório “Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil”, divulgado nesta quinta-feira (15) pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), informa que 137 índios morreram vítimas de assassinato no ano passado no Brasil.
Os dados de homicídio de indígenas do relatório são da Secretaria Especial da Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde, e foram obtidos pelo Cimi por meio da Lei de Acesso à Informação e apresentados em cerimônia na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília.
Segundo o relatório, em 2014, houve 138 assassinatos de indígenas, um a mais que no ano passado, e, em 2013, 53. Desde 2003, ano em que o relatório começou a ser divulgado no atual modelo de sistematização, foram registrados 891 homicídios de indígenas.
De acordo com o levantamento, não é possível dizer quantos dos 137 indígenas assassinados em 2015 foram vítimas de conflitos por terras, principal razão para homicídios de indígenas.
Segundo o texto, a Sesai não informou detalhes das ocorrências, como faixa etária das vítimas e locais exatos das mortes.
“A fragilidade destes dados dificulta uma clara percepção da autoria dos homicídios, se eles tiveram como pano de fundo a disputa pela terra ou, nesse sentido, se são consequência do fato de os indígenas não estarem vivendo em seus territórios tradicionais”, diz o documento.
Em 2015, segundo dados da Sesai, Mato Grosso do Sul registrou 36 casos de homicídios de indígenas. No estado, a cidade com maior número de ocorrências é Dourados. De acordo com o relatório da Cemi, Mato Grosso do Sul é a unidade com maior número de assassinatos de índios no país.
“Desde que a gente está trabalhando nesse modelo de sistematização, sempre a maior parte dos assassinatos foi em Mato Grosso do Sul, do grupo Guarani-Kaiowá. Há um processo, de cinquenta anos, que tem constituído uma força de pressão muito grande sobre os indígenas”, explicou a antropóloga Lúcia Helena Rangel.
“É um processo de ocupação econômica das terras. Aqueles que se apropriaram das terras acham que têm todo direito do mundo […]. Um processo que tem [entre os] ingredientes o fator econômico, o político e a truculência”, completou.
Mortalidade infantil e suicídios
Outro dado obtido pelo Cimi junto à Sesai e divulgado pelo relatório é o número de óbitos de crianças indígenas de 0 a 5 anos em 2015. Segundo o documento, foram registrados 599 mortes de crianças nessa faixa etária naquele ano.
A explicação, segundo a antropóloga Lúcia Helena Rangel, é a falta de atendimento médico nas regiões em que as tribos estão inseridas e, também, as precárias condições de vida nesses locais. “É muito comum o uso de agrotóxicos nessas regiões. Ao serem pulverizados no ar por aviões, os venenos contaminam o solo e a água utilizada pelos indígenas para consume e preparo de alimentos”, explicou.
Ainda de acordo com o relatório, em 2015, foram registrados 87 suicídios de indígenas no Brasil. Segundo o coordenador do Cimi Sul, Roberto Liebgott, um dos fatores de suicídio de indígenas é o confinamento das tribos em reservas.
“São milhares de pessoas em pequenas reservas, onde não têm a possibilidade de fazer a ritualização do modo de ser indígena, não tem espaço para a reprodução da cultura. Nessas reservas, foram colocados clãs diferentes de indígenas, isso gera tensão entre as tribos”, explicou Liebgott.
Fonte: G1/DF

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