Conhecidos pela luta e conservação de recursos naturais, os índios Paiter Suruí buscam, através de projetos, alternativas econômicas para controlar a pressão de madeireiros e a proteção florestal na terra indígena Sete de Setembro, localizada no município de Cacoal (RO).
Para fortalecer a implementação de mecanismos que colaborem com a diminuição de desmatamento na comunidade Suruí, foi lançado no último sábado (22), na sede da Associação Metareilá em Cacoal, o “Projeto de Fortalecimento na Agenda de Sustentabilidade”. O projeto é financiado pelo Fundo Vale e será executado pela Associação Metareilá do Povo Indígena Suruí, em parceria com as organizações Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, Conservação Estratégica (CSF) e a Equipe de Conservação da Amazônia (Ecam), proponente do projeto.
Com duração de dois anos, o projeto realizará atividades com base em três eixos principais: o fortalecimento regional, com o apoio ao Centro de Formação Paiter Suruí. A ideia é transformá-lo em um Centro Regional de Capacitação e Articulação. Outro eixo é a promoção de rendas alternativas e de produção sustentável para assegurar maior segurança de renda familiar, além do fortalecimento institucional das associações indígenas da etnia. O objetivo final deste conjunto de atividades é proporcionar uma economia sustentável, que garanta melhor qualidade de vida para as comunidades Suruís.
De acordo com o diretor da Equipe de Conservação da Amazônia (Ecam), Vasco Van Roosmalen, as ações pretendem ainda confrontar dois dos principais problemas do povo: a falta de alternativas econômicas e a degradação das florestas, devido à entrada de atores externos para conduzir atividades ilegais.
Entre os benefícios sociais previstos no projeto estão a geração de novas fontes de renda. Foto: Divulgação/Ecam
Geração de Renda
Entre os benefícios sociais previstos no projeto estão a geração de novas fontes de renda, baseadas em alternativas sustentáveis da floresta e a criação de empregos diretos e indiretos em atividades de monitoramento e gestão do território. “Esses são algumas das prioridades da nossa comunidade. Precisamos executá-los com todas as famílias da região. Temos certeza que o projeto com o Fundo Vale vai ocupar uma posição central dentro do planejamento de gestão dos Paiter Surui”, afirmou Almir Suruí, líder indígena.
Para a vice-diretora do Fundo, Inessa Salomão, proteger a cultura Suruí é também proteger a floresta. “O resgate cultural deles nos últimos 20 anos é impressionante, mas é preciso garantir a continuidade desse trabalho. Por isso, decidimos apoiar o fortalecimento das cadeias de castanha, seringa e artesanato. A geração de renda para as clãs ajuda a fortalecer a política de proteção do meio ambiente”, afirma.
Sobre os Suruís
Os Paiter Suruí vivem na Terra Indígena Sete de Setembro, localizada próximo aos municípios de Cacoal e Espigão D’Oeste, no estado de Rondônia. A comunidade tem cerca de 248 mil hectares e população de 1,3 mil habitantes. A região, localizada em um dos principais focos do chamado “arco do desmatamento” na Amazônia Legal brasileira, se caracteriza pela expansão de propriedades rurais consolidadas, que demandam novas áreas de floresta para atividades agrícolas. Ao todo são 25 aldeias distribuídas pelo território.
A etnia se caracteriza por possuir uma base sólida de ferramentas de gestão territorial, construída ao longo dos anos pelos indígenas, como o etnomapeamento, o diagnóstico etnoambiental, o etnozoneamento e o plano de proteção com o reflorestamento em áreas degradantes.
O diagnóstico etnoambiental desenvolvido pelos Suruís já foi aplicado em mais de 10 terras indígenas, em três diferentes estados, e recebeu a premiação Chico Mendes, em 2008.Foto: Reprodução/Amazon Sat
O diagnóstico etnoambiental desenvolvido pelos Suruís já foi aplicado em mais de 10 terras indígenas, em três diferentes estados, e recebeu a premiação Chico Mendes, em 2008. Os trabalhos da comunidade e parceiros foram validados pelas normas internacionais do VCS e CCB por trazer benefícios para o clima, a biodiversidade e a comunidade como o primeiro projeto deste tipo no mundo.
Sobre o Fundo Vale
Criado pela Vale em 2009, o Fundo Vale é um fundo de investimento social privado que aporta recursos sem fins lucrativos em projetos socioambientais. Em parceria com organizações da sociedade civil e instituições públicas, o Fundo apóia mais de 20 projetos em três linhas de atuação: monitoramento estratégico, áreas protegidas e municípios verdes. O objetivo é promover o desenvolvimento sustentável no bioma Amazônico e deixar um legado positivo para as próximas gerações. Além de Rondônia, os estados beneficiados são Amazonas, Acre, Mato Grosso e Pará.
Fonte URL: http://www.portalamazonia.com.br/editoria/meio-ambiente/projeto-vai-por-sustentabilidade-em-pratica-na-terra-dos-indios-suruis/