KANINDÉ

Para defenderem seus territórios, indígenas recebem treinamento do Google

Paiter-Suruí em oficina do Google Earth para monitoramento colaborativo e mapeamento cultural. Foto: Israel Vale/Associação Kanindé

Entre 07 e 11 de dezembro 30 grupos indígenas e comunidades tradicionais da Amazônia brasileira serão treinadas pelo Google Earth para usarem imagens de satélite e aplicativos de celular para o mapeamento cultural e o monitoramento de seus territórios na busca de maior proteção contra o avanço de madeireiros e invasores.

A gigante de tecnologia com sede nos Estados Unidos já havia treinado centenas de índios da etnia Paiter-Suruí e agora se dispôs a ampliar o número de tribos e territórios envolvidos no programa.  O caquique Almir Suruí se tornou conhecido por ter liderado a iniciativa de buscar ajuda do Google e, inspirados pelo exemplo, outros líderes indígenas resolveram unir-se à iniciativa.  O documentário abaixo, feito pela própria Google, relata a história da parceria entre os Suruí e a empresa.
Até o dia 11 , a Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, em Porto Velho, será a sede da Oficina de Novas Tecnologias e Povos Tradicionais, que contará com a participação de quilombolas, seringueiros e indígenas de 30 etnias da região amazônica. A empresa Natura também apoia o evento e doou 30 laptops e 60 smart phones para equipar os participantes.
Os indígenas receberão orientação sobre ferramentas digitais, como o globo virtual Google Earth, que podem apoiar a gestão de seus territórios, através do mapeamento e monitoramento territorial, de acordo com a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI).
O treinamento será realizado em dois grupos simultâneos. Um deles será a oficina de mapeamento cultural baseado em uma metodologia de construção de mapas na plataforma do Google Earth, para a inserção de conteúdo relacionado com a cultura das tribos e comunidades. No caso do Suruí, o mapa inclui ícones que representam suas lendas, tradições e práticas de caça e pesca.
Mapa Cultural Paiter-Suruí feito em parceria com o Google Earth
Mapa Cultural Paiter-Suruí feito em parceria com o Google Earth

Já a oficina de monitoramento treinará os participantes na construção de formulários e questionários e na coleta de dados com celulares, promovendo o uso da tecnologia para a vigilância territorial. Um dos principais problemas enfrentados pelos indígenas e outros terras protegidas na Amazônia é invasão para o roubo de madeira.
Mapa das Terras Indígenas da Amazônia


“Com as novas tecnologias, os indígenas poderão acompanhar via satélite o que ocorre nos seus territórios, fazendo com que eles possam, sozinhos, sem depender dos não indígenas, criar seus próprios mapas, gerar relatórios dos impactos e fazer denúncias”, disse Ivaneide Bandeira, coordenadora de projetos da Kanindé. “Isso dá independência e autonomia aos povos indígenas”, afirma.
Para Rebecca Moore, diretora do Google Earth Outreach, que coordenará o treinamento com as novas ferramentas, o que mais se quer é que “o maior número de pessoas experimente e se beneficie do enorme empoderamento gerado pelo mero mapeamento de uma área”, disse. “Nossa esperança é que essa metodologia possa ser reproduzida em outras partes do Brasil e, quem sabe, do mundo”.
Giovanny Vera 

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on email

Posts recentes

Ver tudo

Encontro reúne mais de 100 jovens indígenas em Porto Velho

Por Ana Laura Gomes . Entre os dias 12 e 15 de janeiro, Porto Velho…

Movimento da Juventude Indígena participa de intercâmbio com jovens extrativistas do Lago do Cuniã

O objetivo foi promover um intercâmbio entre os movimentos e incentivar a maior participação política…

Edital – Construção de Agroindústria para beneficiamento de castanha

Porto Velho, 27 de Outubro de 2023 COTAÇÃO DE PREÇOS/EDITAL No 10/2023 /KANINDÉ A Associação…