KANINDÉ

Kanindé se prepara para iniciar o diagnóstico etnoambiental participativo da Terra Indígena Roosevelt do povo cinta-larga em Rondônia e Mato Grosso

O diagnóstico etnoambiental participativo da Terra Indígena Roosevelt será o nono feito pela Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, que se tornou referência na área desde o primeiro diagnóstico feito na Terra Indígena 7 de setembro, do povo Paiter Suruí. De lá pra cá já foram realizados nove diagnósticos em Terras indígenas não só de Rondônia, mas do Amazonas, Pará e Mato Grosso. “Os últimos preparativos serão acertados na reunião que vai acontecer em breve dentro da Terra Indígena Roosevelt, com a presença da FUNAI e lideranças Cinta Larga”, explicou o coordenador geral da Kanindé Israel Vale Junior.
O diagnostico, já recebeu autorização da FUNAI e deve ter os trabalhos iniciados ainda este mês. Esta é uma oportunidade para o povo cinta larga conhecer detalhes de seu território e também colocar no papel informações dos antepassados, que fazem parte do levantamento histórico social.
O diagnóstico vai ser financiado pela Fundação Moore e deve ser feito em duas etapas, no verão e no inverno. De acordo com a coordenadora do projeto Ivaneide Bandeira, que é conselheira e uma das fundadoras da Kanindé, “os técnicos vão trabalhar juntamente com os indígenas em toda a TI Roosevelt, fazendo levantamentos sobre vários aspectos”, conclui Ivaneide Bandeira.
Depois de realizados os estudos de campo, o resultado passa ainda pela aprovação da comunidade indígena, o que os técnicos chamam de validação.
A metodologia do diagnóstico
A metodologia, que envolve equipes indígenas e de especialistas como biólogos, antropólogos e outros profissionais, foi reconhecida pelo Prêmio Chico Mendes na categoria de Ciências e Tecnologia. O procedimento demanda uma logística avançada e uma compreensão intensa de processos participativos e colaborativos com comunidades tradicionais. O processo inteiro, que envolve o diagnóstico etnoambiental juntamente com o etnozoneamento e a criação do plano de gestão da terra indígena, cria uma série de instrumentos e produtos vitais para ajudar as comunidades indígenas na tomada de decisões sobre o próprio futuro e o uso dos recursos naturais e culturais. Também ajuda a estabelecer pontes com a sociedade nas áreas de ciências, biodiversidade e gestão territorial, facilitando o diálogo com os vários segmentos da sociedade seja acadêmico, governamental ou da sociedade civil organizada.

 

O diagnóstico passo-a-passo
Os diagnósticos são um levantamento socioeconômico e do meio físico da terra indígena, ferramenta imprescindível para a gestão territorial sustentável da área. A metodologia utilizada é o Diagnóstico Etnoambiental Participativo e Etnozoneamento, que possibilita que os indígenas e suas organizações possam tomar decisões sobre a utilização dos recursos naturais que se encontram em seus territórios. O processo busca conciliar os conhecimentos indígenas e o científico para, desta forma, planejar a gestão dos territórios indígenas. No desenvolvimento dos trabalhos, é importante envolver todos os atores que habitam ou atuam na Terra Indígena (comunidade, organização não governamental e governamental). Além disso, deve-se proceder com o levantamento socioeconômico da área de entorno do território indígena.
A validação consiste na aprovação ou possível correção dos resultados obtidos e apresentados para a comunidade indígena. Os pesquisadores indígenas e não indígenas devem organizar essa apresentação por temas, segundo a metodologia desenvolvida para a realização da pesquisa. Esta etapa é, com certeza, uma das mais importantes. É nesse momento em que pesquisadores e comunidade indígena poderão trocar experiências e cruzar informações por meio da apresentação dos grupos temáticos de pesquisa

Sobre a terra Indígena Roosevelt
A Reserva Roosevelt, de propriedade dos Índios Cintas-largas, está localizado no sul do estado de Rondônia, na cidade de Espigão do Oeste, a cerca de 500 quilômetros de Porto Velho, capital de Rondônia.  Cerca de 1.200 índios habitam a reserva, formada por 2,7 milhões de hectares.
O diagnóstico das terras indígenas, tem o apoio da Fundação americana Moore e faz parte das propostas da PNGATI, que norteia a questão da gestão dos territórios indígenas. É uma forma de fortalecer nosso povo,  nós queremos isso”, ressaltam os índios Cinta Larga, uma das mais influentes lideranças indígenas do povo cinta- larga.
Sobre o início dos trabalhos
Os índios cinta-larga estão organizados através de uma associação indígena, a Patjamaaj – Coordenação das Organizações Indígenas do Povo Cinta Larga, que vem recebendo apoio da Associação Etnoambiental Kanindé, no sentido de fortalecer a instituição. A primeira reunião sobre o diagnóstico ocorreu em janeiro de 2011, na aldeia Roosevelt. Neste primeiro momento os trabalhos vão ficar restritos a TI Roosevelt. Não estão inclusas no diagnóstico as TI Aripuana e Serra Morena e o Parque Aripuanã, também habitadas pelo povo cinta-larga.

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