KANINDÉ

Indígenas lutam contra o machismo

As mulheres indígenas do Estado, através da Associação das Guerreiras Indígenas de Rondônia (Agir), realizaram entre os dias 28 e 30 de julho, a primeira Assembleia Ordinária para planejar as ações e discutir a participação feminina. Diversos assuntos como saúde, educação, meio ambiente, demarcação de território e leis foram abordados através de palestras. O encontro aconteceu no Centro de Cultura e Formação Kanindé, em Porto Velho e reuniu 30 mulheres, de 15 diferentes etnias, com o objetivo de ampliar os conhecimentos dos direitos femininos, inclusive dentro da própria cultura.
A Agir foi criada em setembro do ano passado com o intuito de elaborar um plano de trabalho com as mulheres indígenas para capacitação e ampliação do conhecimento das leis. “Porque na verdade elas ainda são isoladas sobre a política dentro das comunidades, desconhecem seus direitos dentro da sua própria cultura, da sua própria aldeia, no seu território.”, afirmou Elenisa Tupari, vice-presidente da Agir.
As tribos atualmente vivem com dificuldades, principalmente em relação a saúde e educação. As mulheres indígenas na tribo vivem uma situação de exclusão do processo de tomada de decisões e de participação efetiva. “Se tiver uma organização indígena ou não indígena elas não são convidadas. Elas são sempre deixadas para trás, a maior parte são os homens”, advertiu a vice-presidente. Segundo ela, é importante que as mulheres se exponham e tenham voz dentro das aldeias. “Nós vimos que não está certo, porque em todas as decisões a mulher tem que participar, porque ela também sofre com isso. Estamos lutando para elas se exporem mais, falarem mais do que elas sentem e das ideais que elas têm”, argumentou.
As aldeias têm sido alvo de constantes invasões
A assembleia permitiu que as indígenas ampliassem seus conhecimentos para buscar uma participação igualitária dentro das tribos. “Queremos mostrar para a sociedade que as mulheres indígenas também são capazes de conquistar as coisas para elas e estar em primeiro lugar”, relatou Mayná Uru-eu-wau-wau, indígena da região de Governador Jorge Teixeira. Segundo ela, as mulheres sofrem preconceito com o machismo dentro das comunidades. “É isso que a gente está tentando mudar, que nós temos condições de mudar sim. O conhecimento que a Agir traz, nós recebemos isso como exemplo de que nós mulheres temos capacidade de crescer e melhorar”, comentou.
As aldeias têm sido alvo de constantes invasões, e dentro das terras indígenas sempre são os homens que decidem as providências que serão tomadas. “É isso que as mulheres querem, estar dentro e participando, não só os homens. E buscar lutar pela terra que vivemos. Buscar junto com os homens fortalecer e participar mais”, finalizou Mayná.
Edileuza Gavião, de Ji-Paraná, contou ser a primeira vez que está integrando um evento que traz discussões tão importantes. “Estou gostando muito, isso nunca aconteceu. Aprendemos sobre os direitos indígenas. As mulheres nunca tinham se reunido para falar sobre território e terras indígenas”, declarou. Edileuza ainda ressaltou que as índias dentro das aldeias não possuem participação e que as reuniões para discutir as políticas devem mudar esta realidade.
Fonte: Diário da Amazônia

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