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Cavernas em Rondônia: conheça as formações geológicas do Estado

 Misteriosas, de difícil acesso, com formações geológicas e riquezas minerais únicas além de uma fauna diferenciada, assim são as cavernas. Em Rondônia, o Centro Especializado voltado ao Estudo, Proteção e Manejo de Cavernas (Cecav) registrou 21 das cavidades. Destas, 16 estão localizadas no município de Pimenta Bueno, outras quatro em Porto Velho e uma em Candeias do Jamari. O Portal Amazônia visitou as cavernas de Porto Velho e produziu uma série de matérias. Conheça:

Conglomerados polimíticos da formação Pedra Redonda, na Fazenda da Gruta em Alvorada d´Oeste.Foto: Reprodução/Geodiversidade de Rondônia

 No Brasil, o último levantamento realizado em outubro de 2014 identificou 14.030 cavernas. Mas esse número pode ser ainda maior. Há cavernas já conhecidas, mas ainda não catalogadas. A Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM) defende o potencial das cavernas de Rondônia como atrativos turísticos na publicação Geodiversidade de Rondônia. ‘‘Há mais de dez anos desenvolvemos atividades na área de gestão territorial no qual engloba atrativos geo-turísticos. Não existia um levantamento sistemático desses atrativos e nós consideramos que as cavernas fazem parte deste contexto’’, afirma o geólogo da CPRM, Amilcar Adamy.

Cavidade em arenitos na Fazenda Casa Branca, no Vale do Apertado. Foto: Reprodução/Geodiversidade de Rondônia

Mas tornar esse potencial turístico em realidade é um desafio. ‘‘Infelizmente as maiores cavernas do Brasil estão associadas a rochas calcárias e em Rondônia a ocorrência de rochas calcárias é muito pequena. Temos apenas no sudeste do Estado, na região de Pimenta Bueno e Espigão do Oeste, onde temos uma caverna de calcário com grande extensão. Já na região de Porto Velho e entorno já são cavernas de outro contexto geológico e com menor extensão longitudinal’’, avalia o geólogo.

Buraco da Pistola, arenitos Utiariti, fazenda Nossa Senhora de Lourdes, em Vilhena.Foto: Reprodução/Geodiversidade de Rondônia

Além de pequenas, o biólogo Flávio Terassini explica outro motivo para que as cavernas passem a ser visitada por turistas. ‘‘Todas as nossas cavernas são de difícil acesso, ficam dentro da floresta. E elas não tem uma estrutura gigantesca para locomoção dentro das cavernas’’, aponta.

Obstáculos que para o geólogo Amilcar podem ser superados. ‘‘A maior parte das cavernas descobertas em Rondônia têm essa dificuldade de acesso porque não despertou ainda o interesse do aproveitamento turístico. Esse segmento turístico não foi ainda alavancado’, conta. Amilcar acredita que com a divulgação essa realidade pode mudar.

Caverna de Vista Alegre do Abunã, conjunto de galerias em laterito mosqueado.Foto: Reprodução/Geodiversidade de Rondônia

Desconhecidas

Assim como em Rondônia, em toda a Amazônia as cavernas ainda são pouco conhecidas. ‘‘Na Amazônia, o pouco conhecimento geológico que existe e a densidade da Floresta Amazônica dificultam a identificação de cavernas. Mas nós conhecemos que em outros estados como no Amazonas e no Pará há cavernas em calcários. Ainda existe uma grande incidência de calcário. A medida que as vias de acesso vão se tornando mais fáceis na Amazônia nós vamos identificar cada vez um número maior de cavernas’’, aponta o geólogo.

Caverna Dourada, em Porto Velho.Foto: Reprodução/Geodiversidade de Rondônia

Apesar de serem em número reduzido, profissionais da área ambiental estimam que as cavidades existentes sejam ainda maior. Se por um lado a dificuldade de chegar até as cavernas dificulta a descoberta e aproveitamento turístico delas, por outro ajuda a mantê-las preservadas. ‘‘As cavernas não estão sendo visitadas, então são cavernas relativamente preservadas’’, disse.

Caverna do Morcego no Parque Natural de Porto Velho. Foto: Reprodução/Geodiversidade de Rondônia

O geólogo aponta que são poucos os estudos sobre o ecossistema das cavernas. ‘‘É outra área que tem poucos estudos. Eu conheço apenas o trabalho dos pesquisadores da USP [Universidade de São Paulo] que estudaram a Caverna do Morcego no Parque Natural [de Porto Velho]. Então o estudo dentro das cavernas do ponto de vista de fauna e flora é pouco conhecido’’, avalia Amilcar.

Caverna Rio Vermelho (Arenitos Utiariti), em Vilhena. Foto: Reprodução/Geodiversidade de Rondônia

Formação

Amilcar explica que cavernas de calcário têm aspectos mais conhecidas pelo público por ser maioria no Brasil. ‘‘As cavernas de calcário são as mais longas, mais extensas onde temos as feições típicas de cavernas que são estalactites [Cones pontiagudos que descem do teto da caverna] e estalagmites [Formações que crescem do chão da caverna] que são colunas que existem dentro das cavernas’’, afirma o geólogo. 

Conjunto de cavernas em arenitos, no alto rio Jamari.Foto: Reprodução/Geodiversidade de Rondônia

Além das cavidades de calcário, cavernas de Rondônia são encontradas com outro tipo de material geológico. ‘‘Em Rondônia há muito pouco calcário, apenas na região de Pimenta Bueno e Espigão do Oeste. E agora nós estamos identificando essas cavernas em outro contexto geológico de lateritos como a caverna Dourada localizada em Porto Velho e as de arenitos que ocorrem na região sul do Estado’’, disse. As cavernas de laterito são formadas por rochas porosas. Já as de arenito são formadas por uma concentração de areia.

O geólogo aponta a caverna de calcário localizada em Espigão do Oeste, não catalogada pelo Cecav, como uma das mais interessantes de Rondônia. ‘‘É uma caverna que tem uma extensão aproximada de 250 a 300 metros. Ela é retilínea com feições muito interessante dentro delas, porém é pouca conhecida e tem acesso difícil. Não existe uma infraestrutura básica para ser aproveitada do ponto de vista turístico’’, conta.

Cavidade de siltito carnobático, em Nova Brasilândia d´Oeste. Foto: Reprodução/Geodiversidade de Rondônia

Uma outra caverna encontrada no distrito de Vista Alegre do Abunã, em Porto Velho, também é citada pelo geólogo como uma das que vale a pena conhecer. Em Pimenta Bueno, município com maior número de cavernas registradas no Estado, a maioria das cavidades são formadas por rochas calcárias. Mas também são encontradas cavernas em arenito na parte da cidade conhecida como Vale do Apertado.

Catalogação

Dependendo do tamanho e da localização, as cavernas recebem diferentes nomes como grutas, furnas, abismo, fosso e tocas. ‘‘As cavernas são formadas principalmente por ação das águas e isso faz com que normalmente as cavernas sejam úmidas’’, explica o geólogo. As cavernas são guardiãs de minérios importantes. Em Rondônia, principalmente de arenito, calcário e laterito. 

O geólogo explica como é o processo para catalogar a existência de uma caverna no Brasil. ‘‘O Governo Federal tem um órgão específico para tratar de cavernas chamado Cecav. Então é esse órgão encarregado de cadastrar todas as cavernas existentes no País. Embora eles não tenham uma atuação mais incisiva nos estados todos os documentos gerados pela CPRM e muitos órgãos públicos o Cecav tem acesso depende dele cadastrar ou não a caverna’’, conta.

Caverna de calcário dolomítico, Mina da CMR, em Pimenta Bueno. Foto: Reprodução/Geodiversidade de Rondônia

E acrescenta: ‘‘Isso vai depender da extensão, do acesso e do tipo de material que é formada a caverna. Então toda pessoa que tiver conhecimento de uma caverna pode pedir para a Cevac que essa caverna seja registrada. Nós não temos Cecav no Estado, mas a CPRM poderia intermediar esse reconhecimento de uma caverna’’, conta.

O conhecimento das cavernas existentes no Estado pela CPRM foi parar no livro Geodiversidade de Rondônia. ‘‘Nós publicamos em 2010 esse livro. Ele tem um capítulo específico chamado atrativos geoturísticos e dentro deste capítulo nós temos um item especifico sobre as cavernas relatando todas as cavernas que se conhecia até aquele momento. Contempla todas as cavernas que foram conhecidas em campo pela equipe que trabalhou neste projeto’’, disse.

Na próxima reportagem da série sobre as Cavernas de Rondônia, o Portal Amazônia mostra a diversidade de animais encontrados nas formações.

Fonte URL: http://portalamazonia.com/noticias-detalhe/turismo/cavernas-em-rondonia-conheca-as-formacoes-geologicas-do-estado/?cHash=ae461206931e3b778c2308514507ad53

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